[CINEMA] “As Sufragistas” e a luta pela conquista do voto feminino (resenha)

[CINEMA] “As Sufragistas” e a luta pela conquista do voto feminino (resenha)

As Sufragistas estreou em 2015, dirigido por Sarah Gavron, é inspirado em fatos reais e se passa na Londres de 1912.

O enredo conta a história de Maud Watts (Carey Mulligan), uma lavadeira de 24 anos que, como muitas mulheres de sua época, passa uma vida de cão, em uma época onde as desigualdades entre homens e mulheres eram ainda maiores do que hoje. Maud era explorada e abusada no trabalho e submissa a toda uma sociedade extremamente machista. Ela acha que a vida é assim mesmo, até que se vê envolvida no movimento feminino as sufragistas que lutava para que as mulheres tivesse direito ao voto.

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Essa é uma questão interessante, pois agora que todas nós (em muitos países, mas não em todos) votamos isso pode parecer banal. Dia de eleição, lá vamos nós, ai que saco, tenho que ir votar, não sei pra quê, é tudo farinha do mesmo saco, blá, blá, blá… Mas olhemos de maneira diferente, voltemos um pouquinho no tempo e se fossemos proibidas de votar? E se não pudéssemos ser ouvidas? E se rissem de nós quando falamos que gostaríamos de estudar? E se fossemos consideradas inferior? Sem “condições” de compreender Política, Economia, Ciência ou qualquer outro campo de conhecimento? 

Não poder votar é tudo isso. E muito mais. É não termos voz…

… no filme, Maud se envolve com as Sufragistas e acaba dando seu testemunho sobre a importância do voto para as mulheres no Parlamento Britânico, nesse ponto da trama temos até uma ponta de esperança, pois parece que ela foi ouvida… Mas não, ainda não foi dessa vez e a luta continua. 

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“Nós quebramos janelas, queimamos coisas, porque a guerra é a única linguagem que os homens escutam.”

Maud é presa, uma, duas, várias vezes; faz greve de fome, é discriminada pela sociedade, tem seu filho afastado, e continua lutando. Quantas de nós aguentariam tanto sofrimento por um ideal? Eu não teria essa bravura, essa coragem, mas no meu coração agradeço que existam essas mulheres extremamente fortes que enfrentaram essa batalha. Elas lutaram por todas nós. Porque as mudanças não se fazem sozinhas. 

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Aqui no Brasil só começamos a votar em 1928, quando Mietta Santiago (pseudônimo de Maria Ernestina Carneiro Santiago Manso Pereira), uma estudante de 20 anos descobriu que a proibição do voto feminino contrariava a Constituição em vigor e através de uma sentença judicial as mulheres ganharam o direito ao voto. Na ocasião Carlos Drummond de Andrade dedicou a Mietta o poema “Mulher Eleitora”:

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Mietta Santiago

Mietta Santiago
loura poeta bacharel
Conquista, por sentença de Juiz,
direito de votar e ser votada
para vereador, deputado, senador,
e até Presidente da República,
Mulher votando?
Mulher, quem sabe, Chefe da Nação?
O escândalo abafa a Mantiqueira,
faz tremerem os trilhos da Central
e acende no Bairro dos Funcionários,
melhor: na cidade inteira funcionária,
a suspeita de que Minas endoidece,
já endoideceu: o mundo acaba“.

No mínimo intrigante…

O drama ainda conta com grandes talentos no elenco Helena Bonham Carter e Meryl Streep, que apareceu bem pouquinho, uma pena. Bem produzido, com fotografia bonita e atmosfera acinzentada o filme é um soco no estômago e me pegou de jeito, talvez por eu ter acabado de ter me tornado mãe, de uma menina.

“As Sufragistas” é uma dura reflexão sobre a desigualdade de gênero e o papel da mulher na sociedade. A história se passa a mais de cem anos, mas o tema continua bem atual.

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“Nunca se arrependa, nunca desista da luta.”

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