[EVENTO] Trevosas dos quadrinhos: o terror de Ana Recalde, Camila Torrano e Bianca Pinheiro (2º Encontro Lady’s Comics)

[EVENTO] Trevosas dos quadrinhos: o terror de Ana Recalde, Camila Torrano e Bianca Pinheiro (2º Encontro Lady’s Comics)

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Entre as mesas temáticas do 2º Encontro Lady’s Comics, tivemos uma sobre a primeira experiência no gênero terror. Ana Recalde, Camila Torrano e Bianca Pinheiro falaram sobre seus gostos pelo terror, construção da narrativa e conceitos que puderam ir desenvolvendo e aprofundando com as referências que curtem. Já falamos sobre o quadrinhos Beladona no blog. Agora vem saber mais sobre essa parte do evento!

Tensão, sangue, monstros e morte: bem vindo às trevas!

Todos nós construímos experiências bem particulares com cada gênero narrativo durante a vida. E aí você junta três visões completamente diferentes do terror numa única mesa de debate e tudo isso explode na mesa mais engraçada e maravilhosa possível! Enquanto Ana Recalde é a medrosa de carteirinha, Camila Torrano é obcecada com a morte desde criança e Bianca Pinheiro odeia sangue e susto.

Mesa “Terror – o primeiro roteiro”, com Ana Recalde, Camila Torrano e Bianca Pinheiro

Durante a mesa as três puderam falar sobre o gênero em si, como o medo nas produções de terror é controlado, já que apesar dos sustos e do clima obscuro, todo mundo sabe que não vai morrer com a experiência. O terror é uma forma de experimentar o medo de uma forma segura.

Camila Torrano aprendeu a se defender através do terror, como uma estratégia pra fugir do bullying por ser pequena e indefesa. Pra Ana Recalde escrever terror é uma forma de lidar com os próprios medos, principalmente o de deixar de existir. Já Bianca Pinheiro teve uma infância sob os ensinamentos da doutrina espírita e hoje se sente vigiada por espíritos 24 horas.

Ana Recalde é fascinada pelo fato das pessoas transformarem seres humanos terríveis em monstros, como uma justificativa para elas terem cometido atrocidades. Como se a motivação tivesse que ser algo sobrenatural, de outro mundo, quando na verdade “é um ser humano, uma pessoa horrível, mas não um monstro, não está fora do contexto social“, conclui Ana. Ela acredita que é uma forma de negar a própria capacidade de ser atroz que existe dentro de cada um.

Enquanto existe o terror com banho de sangue e susto, Bianca Pinheiro adotou um terror de tensão, de clima. Então a maior dificuldade dela na construção da história é criar muita tensão e não resolver direito no final. “Às vezes eu acho que é mais valioso você levar até o clímax e cortar no clímax, do que você correr o risco de depois do clímax o negócio entrar em queda livre“, diz Bianca.

A construção do terror nos quadrinhos é muito diferente de outras mídias, que recorrem a recursos de som e movimento de câmera, segundo as quadrinistas. Não contar com isso é um desafio a mais, embora não corra tanto o risco de cair no ridículo com relação à estética. As referências do cinema ajudaram a perceber a estética teatral como algo belo e um recurso essencial na narrativa.

A conversa foi longa, divertida e muito interessante. Camila falou sobre seu amor pelo gore, enfermeiras, anatomia humana; Ana Recalde sobre sentir medo lendo Beladona, que ela mesma escreveu; Bianca Pinheiro contou sobre a vontade de continuar fazendo quadrinhos de terror; e as três falaram sobre filmes, livros, séries, igrejas… Ficaria aqui escrevendo pra sempre, mas vamos conter as empolgações, não é mesmo?! Só tenho uma coisa a dizer: se isso tudo não é terror bem feito, cancela o terror porque ele tá errado! Deixa essas mulheres te mostrarem tudo que há além do “fofinho”!

Conheça os trabalhos das meninas:
Ana RecaldeCamila TorranoBianca Pinheiro

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39 Textos

Bagunceira e bagunçada, por dentro e por fora. Prefere ver séries em maratonas, menos Game of Thrones, porque detesta spoiler. Totalmente apaixonada por desenho e animação. Tem mania de citar filmes em conversas, conselhos, brigas ou onde couber uma referência. Prefere gastar dinheiro com quadrinhos do que com comida, sendo muito entusiasta do quadrinho nacional e graphic novels em geral. Formada em Jornalismo, mas queria mesmo trabalhar com roteiro e ilustração.
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