[MANGÁ] “Gangsta”: como fazer uma história de ação sem esquecer do lado humano

Gangsta é um mangá seinen escrito e desenhado por Kohske. Ele ainda está em andamento, contando com 40 capítulos até o momento.  

A história se passa alguns anos depois de uma guerra, onde foi desenvolvido uma espécie de soro chamado Celebrer, que deixava os soldados mais poderosos, mas possuía alguns efeitos colaterais, além de contaminar também seus filhos, que passaram a ser chamados de Twilights.

Mesmo com o final da guerra, a população de Twilights já havia crescido muito. Eles eram mais fortes que os humanos comuns, e foram categorizados com letras de A a E de acordo com sua força. É natural que os Twilights mais fortes tenham alguma deficiência, o que é chamado de “compensação”, além de raramente viverem mais de 30 anos.

Considerando a força e resistência superior dessas pessoas, foram automaticamente determinadas como ameaças (ou armas, quando conveniente). Então foi criada uma cidade, a Ergastulum, onde todos eles poderiam viver. Além dos Twilights, algumas pessoas “indesejáveis para a sociedade” foram movidas para lá também.

A cidade inteira vive em grande pobreza e o dinheiro gira principalmente em torno de drogas, prostituição e armas, além de ser controlada pela máfia. Existem quatro grandes famílias que controlam o local, se baseando em um acordo que divide as zonas da cidade entre eles.

Embora a maior parte da população seja Twilight, ainda há um grande preconceito contra eles.

A história gira em torno do trio Benriya, formado por Worick, Nicolas e Alex, que trabalham como um “faz-tudo”, desde reformas até assassinatos.

Worick trabalha também como garoto de programa para algumas senhoras ricas e tem memória fotográfica, fazendo com que já tenha memorizado o rosto de quase todos na cidade. Nicolas é um Twilight que utiliza uma espada para lutar e que, como compensação, perdeu a audição. Alex é a terceira integrante e foi a última a se juntar ao grupo. Ela trabalhava como prostituta para sustentar seu irmão mais novo, mas Barry, para quem ela trabalhava, drogava-a para deixá-la mais calma e menos resistente aos trabalhos impostos, uma prática comum no local. Depois de se livrar dele com a ajuda de Worick e Nicolas, ela passa por um processo de desintoxicação e começa a recuperar suas memórias, acabando por lembrar de seu irmão. Alex passa então a procurar alguma forma de encontrá-lo, já que não tem lembranças de seu nome, onde viviam ou quanto tempo faz que não se veem.

O mangá retrata muito bem toda a questão do preconceito e como a cultura consegue manter inferiorizada até mesmo uma raça mais forte e em maior quantidade.

Embora o motivo para o “medo” dos Twilights seja sua força e agilidade sobre-humana, até mesmo crianças ainda fracas sofrem com o preconceito.

Em alguns momentos do mangá, é mostrada a infância de Worick e Nicolas. Worick é filho de um homem muito rico e mora em uma mansão, fora de Ergastulum. Nicolas trabalha para o exército do pai de Worick e é utilizado como auxilio nas batalhas.

Embora ele consiga tratar de pessoas com deficiências, mostrar personagens homossexuais com naturalidade e falar de problemas psicológicos devido a drogas e abuso, ainda peca em determinados pontos. Como de praxe nos mangás, algumas das personagens têm seios gigantes e a Alex, mesmo depois de parar de trabalhar como prostituta, continua usando vestidos bem curtos, e Worick constantemente “brinca” de apertar sua bunda.

Relevando esses pontos, é uma ótima opção para quem gosta de uma história de ação que não deixe de trabalhar o lado humano das personagens e das relações entre elas.

Existe um anime, que começou a ser lançado no ano passado e conta com uma temporada até o momento. O mangá também está sendo publicado no Brasil pela JBC e conta com seis volumes até o momento.