[CINEMA] O feminismo em “10 Coisas que Eu Odeio em Você”

[CINEMA] O feminismo em “10 Coisas que Eu Odeio em Você”

Clássico dos filmes adolescentes, “10 Coisas que eu Odeio em Você” estreou em 1999 e é protagonizado por Julia Stiles e Heath Ledger. Bom roteiro com boa trilha sonora (muito rock alternativo feminino!), nos traz algumas visões de ideais feministas, principalmente através de Kat, personagem interpretada por Julia.

A sinopse é baseada no livro “A Megera Domada” de William Shakespeare, e conta a história de Kat e Bianca Strattford (Larisa Oleynik), duas irmãs completamente opostas em personalidade. Enquanto Bianca tem como objetivo ser popular e arranjar um namorado, Kat é durona, sem papas na língua, feminista e não liga para o que seus colegas de escola pensam a seu respeito.

O pai das meninas é severo e cria uma regra para impedi-las de sair: sabendo que Kat não demonstra interesse em garotos, estipula que Bianca só poderá namorar quando a irmã também o fizer. Esse é o gancho para o desenrolar dos fatos, quando Cameron (Joseph Gordon-Levitt), o garoto novo da cidade que se apaixona por Bianca, e seu amigo Michael (David Krumholtz), elaboram um plano e resolvem persuadir Joe (Andrew Keegan), um modelo masculino que também é apaixonado por Bianca, a pagar alguém que saia com a sua irmã mais velha. No entanto, o único que está disposto a encarar a durona Kat é Patrick (Heath Ledger), um bad boy com diversos mistérios a seu respeito.

Podemos observar no filme que o motivo para Kat ser tão temida é não fazer questão de esconder sua opinião, enquanto Bianca é dócil e “perfeita”. Em um momento na aula, seu professor chega a chamá-la de “senhora-eu-tenho-uma-opinião-sobre-tudo”, mostrando como é difícil aceitar uma mulher que se impõe. Em diversas cenas Kat solta frases como Talvez nesta sociedade, ser homem e babaca o faça merecedor do nosso tempo”, quando a acusam de estar mal-humorada por causa da TPM, ouPra que viver do modo que as pessoas esperam, se eu posso viver do meu.”.

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Claro que o filme tem alguns problemas. Por exemplo, descobrimos que Kat se tornou antissocial e megera depois que namorou com Joe, e esse foi sacana com ela, ajudando a reforçar um estereótipo de que feminista é mal-comida, não achou o homem certo e blá blá blá. Porém, quando sua irmã descobre esse antigo relacionamento, decide que não quer mais ficar com o modelo e percebe como o amor pela sua irmã é mais forte do que um cara babaca que trata mal as mulheres. No final, Kat também acaba perdoando Patrick, mesmo que esse tenha sido pago para sair com ela, necessitando um final amoroso para a personagem.

Apesar das ressalvas, a representatividade feminista é positiva através dessa interpretação, principalmente se considerarmos a quantidade de personagens em busca de um par perfeito da época e do exemplo que isso transmite para adolescentes. Vale assistir e cantar “Can’t Take My Eyes off You”, reconhecer os problemas e os pontos positivos, e ver que mesmo os caras aprenderam uma lição, entendendo o ponto de vista de Kat. Fica a recomendação.

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Acadêmica de jornalismo, feminista, problematizadora e apaixonada por cultura pop. Sonha em viajar o mundo, atualmente viaja nos pensamentos.
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