Doctor Who – 11×07: Kerblam!

Doctor Who – 11×07: Kerblam!

Com sete capítulos exibidos, já é possível afirmar que a 11ª temporada de Doctor Who teve momentos excelentes, que a tornaram especial. Críticas sociais bem construídas e exploradas, aliadas a atuações brilhantes, fizeram com que a série dialogasse com contextos políticos contemporâneos e permitisse reflexões interessantes e relevantes. Entretanto, alguns fãs da série sentiam-se insatisfeitos com os rumos que a produção atual vem dando a série, sobretudo pela falta de uma ameaça alienígena contundente, semelhantemente ao que acontecia nas temporadas anteriores, e de roteiros carregados de ação e aventura.

Com certeza, Kerblam!, sétimo episódio da 11ª temporada, é o elemento nostálgico que a parcela descontente buscava. Exibido em 18 de novembro de 2018, com enredo escrito por Pete McTighe e dirigido por Jennifer Perrott, Kerblam! foi eletrizante, marcado por suspense, ação e uma pitada de terror. Além disso, fomentou uma singela reflexão a respeito do impacto da tecnologia nas sociedades humanas (ou humanoides), sabotagem industrial e questões trabalhistas. AVISO: O texto a seguir terá spoiler!

Kerblam

Leia também:

>> [SÉRIES] Doctor Who – 11×06: Demons of the Punjab (resenha)

>> [SÉRIES] “The Deuce” e o papel da mulher no surgimento da indústria pornográfica

>> [SÉRIES] Queer Eye – 2ª temporada: A desconstrução de um modelo de masculinidade hegemônica

“Entrega para a Doutora!”. Kerblam é a maior loja da galáxia e é de lá que a Senhora do Tempo recebe uma encomenda, um Fez, em uma clara referência ao 11º Doutor (Matt Smith). Junto com o Fez está uma mensagem de socorro, impossível de ser ignorada pela 13ª Doutora (Jodie Whittaker) e pelo Team TARDIS. O quarteto vai para o Kandoka, mais precisamente para a lua-depósito que órbita o planeta e é lá que a aventura acontece.

Kerblam é noventa por cento automatizada e, por conta disso, um grupo robôs, criaturas muito sinistras, circula pelos corredores da lua-depósito, supervisionando os dez por cento de mão de obra humana presente na empresa. Não se sabe quem ou o que enviou a mensagem e cabe a Doutora e seus companheiros investigarem. Dividindo-se nos vários setores de Kerblam, os quatro buscam pistas e provas a fim de identificar quem é a vítima e qual é a ameaça.

Kerblam

Um roteiro bem construído e um trabalho de direção bem feito conseguiram manter o clima de mistério no episódio. Somado a isso, vemos uma Doutora mais ousada, determinada, buscando interferir na realidade a fim de salvar vidas. Sua atuação, semelhantemente ao ocorrido em Tsuranga Conundrum, investigando e bolando estratégias de ação para o Team TARDIS, deram brilho ao episódio e, evidentemente, os méritos também vão para Jodie Whittaker, por sua excelente interpretação.

E já que mencionamos os companheiros da Doutora, vale ressaltar que dessa vez, Graham O’Brien (Bradley Walsh), Ryan Sinclair (Tosin Cole) e Yasmin Khan (Mandip Gill) participaram efetivamente da ação, como uma equipe. Nos episódios anteriores da 11ª temporada era comum vermos um deles ganhando destaque, enquanto os outros eram mantidos em segundo ou terceiro plano. Vê-los atuando como grupo, abre possibilidades e, sinceramente, esperamos que nos próximos episódios e, quem sabe, nas próximas temporadas, os três possam atuar ao lado da Doutora como fizeram em “Kerblam!”.

Outro mérito do episódio está na presença de elementos nostálgicos da série e desejados por uma parcela dos fãs. Quem acompanha Doctor Who está familiarizado com tramas sinistras, presentes nos lugares mais improváveis. Parecia ser impossível fazer uma viagem com a TARDIS sem esbarrar em algum problema, em alguma conspiração. E é o que acontece em Kerblam. A Doutora esperava socorrer alguém, porém, a cada nova descoberta, fica claro que o problema é maior e mais perigoso do que ela pensava, colocando em risco a vida dos que estão na lua-depósito e em Kandoka.

Kerblam

Os dez por cento de empregados humanos não estão felizes com as condições de trabalho que lhe são oferecidas. Tampouco com o destino dos milhares de desvalidos que não conseguem um emprego devido à automatização dos sistemas fabris. Um plano de vingança é elaborado e, paulatinamente, a Doutora e seus companheiros o descobrem e o combatem. 

O final do episódio foi um tanto corrido e poderia ter sido mais bem trabalhado, especialmente pela mensagem que pretendia deixar: a forma problemática como as pessoas usam e exploram o sistema. É inegável que o sistema pode ser usado para o bem. Mas, é comum vermos sua perversão, quando indivíduos decidem usar o sistema para oprimir, silenciar e destruir. O radicalismo do sabotador em nada mudaria a questão humana, do desemprego e da falta de propósito, apenas traria mais dor e sofrimento e, graças à ação da Doutora e seus amigos, um mal maior foi evitado.

Escrito por:

21 Textos

Nerd, pedagoga, escritora, leitora, gamer, integrante da casa de Lufa-lufa, amante de ficção científica (Star Trek, Star Wars e Doctor Who) e literatura fantástica. Deseja ardentemente que o outro lado da vida seja uma grande Biblioteca.
Veja todos os textos
Follow Me :