Oscar 2019: como mudar uma estrutura de poder?

Oscar 2019: como mudar uma estrutura de poder?

Como mudar uma estrutura de poder criada para que a classe artística se matasse por prêmios, elevasse seu ego e simplesmente esquecesse a ideia de sindicalizar-se? Uma estrutura que premia muito mais por dinheiro do que por mérito? Como fazer os grilhões dessas correntes invisíveis romperem-se?

Estas foram algumas das perguntas que eu me fiz quando “Green Book, o Guia foi anunciado como o vencedor da categoria de Melhor Filme no Oscar 2019. A sensação é de extrema frustração. É como abrir um doce, comê-lo e descobrir que, por trás de uma embalagem bonita, existe algo ruim.

A embalagem bonita desse doce chama-se representatividade. Enrolada em um papel bonito, colorido e que é de encher os olhos. Que vontade nos dá de saborear. Um filme com três protagonistas e nenhum homem disputando-as. Um recordista de bilheteria, que furou o preconceito com os filmes de super-heróis e mostrou que crianças negras também podem se ver representadas nesse tipo de narrativa. Um filme que discute o racismo de uma forma cortante, de um diretor que sempre fez a coisa certa. Era uma embalagem atraente demais.

Oscar 2019
Regina King. Imagem: reprodução

No entanto, quando finalmente pudemos saborear o doce, veio o gosto amargo e ruim. Gosto de “vocês podem chegar até aqui, mais do que isso, não deixamos”. Ele não desfaz o prazer que a embalagem nos trouxe. Sim, nós choramos quando Regina King, vencedora do Oscar de Melhor Atriz Coadjuvante, citou James Baldwin em seu discurso. Vibramos junto com Spike Lee quando ele, indicado tantas vezes e esnobado mais tantas outras vezes, foi buscar seu Oscar por Melhor Roteiro Adaptado. E também vibramos porque nunca o Oscar havia premiado tantas mulheres, foram 15

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Algumas das mulheres premiadas durante o Oscar.

Só que, infelizmente, nenhuma dessas premiações apaga o que é a Academia é: uma estrutura de poder. E a mensagem dela neste ano foi bastante clara: “nós toleramos as minorias, contanto que a narrativa seja controlada por nós”.

Começou como um conto de fadas

O pontapé da cerimônia do Oscar foi a favorita da categoria de Melhor Atriz Coadjuvante, Regina King, de “Se a Rua Beale Falasse, vencer a estatueta. Esquecido no churrasco, esse filme, inspirado em uma obra do escritor James Baldwin, tinha tudo para estar ao lado de “Infiltrado na Klan” e “Pantera Negra“. Porém, por não ser uma história sobre racismo que romantiza a relação entre brancos e negros, ele não foi indicado às categorias de Melhor Diretor e Melhor Filme.

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Se a Rua Beale Falasse (reprodução)

O discurso de Regina foi emocionante, um grande momento, especialmente porque esse filme traz novamente a obra de Baldwin para o mainstream. Um autor queer, negro e amigo de Martin Luther King e Malcolm X que escrevia sobre racismo e bissexualidade em plenos anos 50! Regina King disse:

“Estar aqui em pé, hoje, representando um dos grandes artistas de nosso tempo, James Baldwin, é meio surreal. James gestou este bebê e Barry [Jenkins, diretor de Beale Street] cuidou dele tão bem.”

Depois veio Ruth E. Carter buscar sua tão merecida estatueta pelo figurino de “Pantera Negra”. Ela começou a trabalhar no cinema nos anos 90, convidada por Spike Lee, e em 1993, ela foi a primeira mulher negra indicada ao Oscar de Melhor Figurino por “Malcolm X”, de Lee. Seu trabalho de figurino em “Pantera Negra” é uma aula de história sobre os povos africanos. O discurso dela também foi muito representativo:

“Obrigada, Spike Lee, espero que esteja orgulhoso. (…) Com o figurino, transformamos a história de um super herói negro em um reino africano. (…) Obrigada por exaltarem a realeza africana e a maneira empoderadora como mulheres podem liderar as telas.”

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Ruth E. Carter. Imagem: Getty Images (reprodução)

Na sequência, Hannah Beachler subiu ao palco como a primeira mulher negra a vencer o Oscar de Melhor Design de Produção, também por “Pantera Negra”. Como bem colocou a resenha do site Mulher no Cinema, as cinco primeiras categorias já anunciavam um cenário melhor: o número de mulheres premiadas já superava o do ano passado.

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Hannah Beachler. Imagem: reprodução

Além disso, outras mulheres também sentiram o gosto da vitória, como Elizabeth Chai Vasarhelyi por sua codireção em “Free Solo“. Um curta de documentário sobre menstruação, “Absorvendo o Tabu“, disponível na Netflix, também levou uma estatueta do Oscar para casa. Ele é assinado por Rayka Zehtabchi, que fez história ao se tornar a primeira diretora iraniana-americana que ganhou um Oscar.

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Realizadoras de “Absorvendo o Tabu”. Imagem: reprodução

Uma das novas resoluções do Oscar foi cortar o apresentador. Dessa forma, o host do evento seria dividido entre várias celebridades. Para nossa surpresa, isso tornou a cerimônia muito mais fluida. Nomes como Sarah Paulson, Tina Fey e Amy Poehler puderam apresentar prêmios. Foi algo que funcionou. Para adicionar algumas camadas de representatividade, os discursos de alguns dos apresentadores foi em outro idioma, o espanhol. É um detalhe bastante sutil, especialmente quando veio a avalanche de racismo mais tarde.

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Maya Rudolph, Tina Fey e Amy Poehler. Imagem: reprodução

Terminou como um pesadelo

E então Spike Lee subiu ao palco para buscar sua primeira estatueta do Oscar. Ele venceu a categoria Melhor Roteiro Adaptado por seu trabalho em “Infiltrado na Klan”, baseado na história do primeiro detetive negro de Colorado Springs, Ron Stallworth, que coordenou uma operação de infiltração na Klu Klux Klan, movimento supremacista branco dos EUA.

Foi significativo por várias razões. A mais óbvia é que esse é um filme muito político, o que é um pouco redundante de se dizer, dado que todos os filmes de Lee pertencem a essa linha. O fato é que “Infiltrado na Klan” nos mostra que os eventos dos anos 70 são os mesmos de 2019, ou seja, a luta antirracista precisa continuar e se fortalecer. Ao mostrar cenas de filmes racistas, mas considerados clássicos do cinema, como “Nascimento de uma nação” e “E o vento levou“, Lee nos mostra como é importante que pessoas negras assumam suas próprias narrativas. As histórias não podem ser contadas pelas perspectivas de quem sempre as subjugou.

A vitória de Spike Lee também mostra o racismo institucional da Academia. Para começar, ele nunca havia sido indicado, até este ano, à categoria de Melhor Diretor. Em 1990, ele foi indicado à Melhor Roteiro Original por “Faça a Coisa Certa“. Já em 1998, ele também recebeu uma indicação a Melhor Documentário por “Quatro Meninas“. Não ganhou em nenhuma das vezes. Por isso, a vitória dele este ano era tão esperada – além de merecida.

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Faça a Coisa Certa (1989)
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Spike Lee durante o Oscar 2019, homenageando o personagem de seu filme “Faça a Coisa Certa”. Imagem: reprodução

No entanto, como as coisas sempre podem piorar, veio a categoria seguinte, a de Melhor Roteiro. Então o nosso pesadelo começou. Na categoria, concorriam histórias como “A Favorita” e “Roma“, considerados os favoritos. Só que um roteiro de quinta categoria, escrito por um racista e islamofóbico venceu: estamos falando sobre “Green Book, o Guia.

https://twitter.com/jasondashbailey/status/1099874025982124033?fbclid=IwAR1dtQMb0s4hrlRH3h8P8XKdeYzL_P3p1T2iW9LPxBUOYzPsaANS8L6O2xg

A foto acima, um trecho do roteiro, já mostra o trabalho precário de Nick Vallelonga, Brian Currie e Peter Farrelly. Mas quem dera fosse só isso. “Green Book” é uma mancha do começo ao fim. Um filme do tipo feel good, ou seja, romantizando a relação entre brancos e negros, que não foi autorizado pela família do protagonista da trama, além de ter sido realizado por um assediador. O quadro parece o pior possível.

Esta foi uma ironia que o Oscar proporcionou ontem à noite. Se por um lado, celebramos a diversidade, por outro não deixamos outras pessoas, as não-brancas e héteros, contarem a história. Como diria a escritora francesa Colette: “A história é de quem segura a caneta”. Neste caso, a história do racismo continua sendo contada pelos racistas, os brancos. Que tipo de diversidade e representatividade é essa?

Glenn Close: esnobada pela sétima vez

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Glenn Close no Oscar 2019. Imagem: reprodução

A minha questão não é discutir a legitimidade de Olivia Colman, pois ela realizou um trabalho fantástico em “A Favorita” e mereceu muito o prêmio de Melhor Atriz. Na verdade, quero trazer uma discussão sobre Oscar e etarismo. Atrizes depois de uma certa idade são descartadas pelo cinema. Se você não é Meryl Streep, é muito difícil manter-se relevante na indústria e ainda conseguir uma indicação ao Oscar. Em 2018, tivemos um ótimo cenário de indicações para mulheres acima dos 40 anos: três das cinco indicadas à Melhor Atriz tinham mais de 40 anos, ao passo que na categoria Coadjuvante todas as cinco eram mulheres acima dos 40.

Porém, esse cenário nem sempre é animador. De acordo com a atriz Geena Davis, ela fez um único papel depois dos 40 anos, em “Stuart Little”. Dessa forma, é comum sempre vermos mulheres mais jovens ao lado de galãs mais velhos. Quem não se lembra de Catherine Zeta Jones ao lado de Sean Connery? Dito isso, Glenn Close ter perdido em sua sétima indicação emite um sinal de alerta: qual é a probabilidade de ela ser indicada novamente em uma indústria que adora exaltar a juventude? Você pode me dizer: Mas ela foi indicada pela última vez, em 2013 e agora em 2018, existem chances. Até existem, só que são mínimas.

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A Esposa (2018)

Glenn Close tem 71 anos, e ela demorou sete anos para concluir “A Esposa“. Isso porque nenhum ator queria contracenar com ela em um filme que direcionava o foco para a esposa, não para o marido. O papel de Joan, protagonista do filme de Bjorn Runge, consegue um feito: manter uma mulher de mais de 70 anos relevante. Ela não é meramente a avó de algum personagem. Não, ela está lutando pelo protagonismo dentro da história de “A Esposa”.

Quantas atrizes que regulam de idade com Meryl Streep ainda são indicadas ao Oscar? Segundo um levantamento que fiz, de 2009 até 2019, apenas seis atrizes acima dos 60 anos foram indicadas ao Oscar de Melhor Atriz. São elas:

  • 2009: Helen Mirren – A Última Estação (63 anos)

  • 2011: Glenn Close – Albert Nobbs (63 anos)

  • 2012: Emmanuelle Riva – Amor (85 anos)

  • 2013: Judi Dench – Philomena (78 anos)

  • 2015: Charlotte Rampling – 45 Anos (69 anos)

  • 2017: Frances McDormand – Três Anúncios para um Crime (60 anos)

  • 2018: Glenn Close – A Esposa (71 anos)

Esse pequeno levantamento mostra que se os papéis para mulheres com mais de 40 anos que chegam ao Oscar é pequeno, quando falamos em mulheres acima dos 60, esse número é pior ainda. A indústria precisa escalar mais essas atrizes, porque a sensação que temos é de que elas caem no ostracismo, exatamente como Norma Desmond, de “Crepúsculo dos Deuses“.

Nós amamos Meryl Streep, mas queremos ver outras atrizes de sua idade concorrendo a prêmios. O fato de Glenn Close ganhar e poucas atrizes de sua idade concorrerem ao Oscar, mostra que ainda há um caminho longo a percorrer. Glenn Close não merece ficar no limbo dos Oscars, assim como aconteceu a tantas outras atrizes maravilhosas, como Deborah Kerr e Barbara Stanwyck.

Mas, afinal, qual é o problema com “Green Book”?

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Para coroar o pesadelo que começara com a vitória de “Green Book” na categoria de Melhor Roteiro, Julia Roberts anunciou que esse filme também havia vencido ao prêmio mais cobiçado da noite: o de Melhor Filme. Ah, mas este não é um filme sobre racismo, também? Por que tanto burburinho? Vocês deveriam ficar felizes. Infelizmente, não. Os problemas de “Green Book” começam nos bastidores, passam pela representação do racismo e culminam em um filme em que um homem branco salva um homem negro e lhe ensina o que é o racismo. Acompanhe comigo.

Green Book”, dirigido por Peter Farrelly, conta a história real do músico Don Shirley (Mahershala Ali) e do motorista dele, Tony Lip (Viggo Mortensen). Lip é contratado para trabalhar para Shirley durante uma turnê do músico no Sul dos Estados Unidos dos anos 60, um lugar brutal e mortal para pessoas negras.

Um dos responsáveis pelo roteiro é o filho de Lip, Nick Vallelonga. Desde os anos 80, ele está tentando adaptar essa história para o cinema. Um dia, Yvonne Shirley, membro da família do músico, descobriu através do Instagram que o filme seria adaptado para as telas do cinema com Mahershala Ali no papel principal. Como, então, a produção de “Green Book” nunca consultou a família do músico? Por que prosseguiu a produção do filme sem o auxílio mais do que necessário das pessoas que conviveram com Don Shirley?

Edwin, sobrinho de Don Shirley, declara nesta matéria que seu tio não queria que sua história fosse adaptadas lá atrás, nos anos 80, quando Nick o havia procurado. Ele sabia que não teria controle sobre como iriam retratá-lo, embora o sobrinho tivesse tentado persuadi-lo, dizendo que, se ele estivesse na produção do filme, poderia ditar as regras. Don Shirley disse ao sobrinho:

“Nem pensar. Eu não quero participar desse negócio de jeito nenhum. (…) Não importa o que eles me digam agora, eu não terei controle algum sobre como serei retratado.”

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Don Shirley. Imagem: reprodução

Don Shirley é retratado como um cara que se sente deslocado da comunidade negra, além de ser afastado da família e ter problemas com sua negritude. Quando analisamos os fatos reais, percebemos o quanto o filme se esforça para apagar o que Don Shirley realmente foi. Ele era amigo de Martin Luther King, por exemplo. Então, como sentia-se deslocado da comunidade negra? Além disso, seus familiares declararam que ele era uma pessoa muito ligada à família. Shirley praticamente criou os irmãos em condições para lá de adversas. Donald, um de seus irmãos, conta que eles sempre davam um jeito de estar em contato, mesmo durante as turnês de Don. Como ele poderia ser um pária então?

Por essas e outras que a família do músico declarou que “Green Book” era uma “sinfonia de mentiras”. Ao saber dessa declaração, Mahershala Ali ligou para a família e pediu desculpas. Ele não sabia que a família não havia sido consultada em relação ao filme. Ficou profundamente envergonhado, e você consegue perceber isso pelo discurso que ele fez ao vencer o Oscar de Melhor Ator Coadjuvante ontem.

Como a máquina de Hollywood não poderia parar por causa da “implicância” da família Shirley, o projeto foi adiante. Um assediador foi chamado para dirigir: Peter Farrelly. É, o mesmo diretor que afirmou ter assediado Cameron Diaz nas filmagens de “Quem vai ficar com Mary?”. Em relação à Nick, ele também não fica muito atrás, pois deu declarações islamofóbicas no Twitter. Ele afirmou que viu muçulmanos comemorando a queda das Torres Gêmeas em New Jersey, isso na época em Trump começou a espalhar essa fake news para manchar a imagem da comunidade islâmica do país. Nick apagou sua conta no Twitter, o que nos diz muito sobre seu modus operandi. Ele prefere ignorar ao invés de se posicionar.

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Os produtores de “Green Book” sabiam dos possíveis problemas que poderiam enfrentar em relação de esse filme ser o “Conduzindo Miss Daisy” de nossa geração. Então, o que fizeram? Convidaram a atriz Octavia Spencer para ser produtora-executiva do filme. Dessa forma, eles poderiam jogá-la na fogueira quando alguém dissesse que o filme era racista. De acordo com Farrelly, nesta entrevista para a Vulture:

“Achei que a gente precisava de uma perspectiva a partir daí. Então lhe enviamos [Octavia] o roteiro e perguntamos se ela queria participar. Ela amou e entrou no projeto. E ela basicamente me apoiou muitas vezes quando eu estava questionando se estávamos fazendo a coisa certa.”

Dessa forma, existe o fator Octavia para esconder o racismo de “Green Book”. Se eles estivessem tão preocupados, por que não a deixaram falar ontem? Afinal, ela foi a produtora desse filme e o fez acontecer. E por que não falaram sobre Don Shirley na hora de agradecer? E, ainda, por que Mahershala não abriu a boca? Diversas pessoas se posicionaram ontem no Twitter sobre a vitória de “Green Book”:

“Green Book” é um filme palatável sobre racismo. Ele romantiza a relação entre brancos e negros, deslocando o problema do racismo, como se ele fosse individual. Além disso, como este artigo maravilhoso sobre o filme discute, prevalece em “Green Book” o olhar do dominante sobre o dominado. Peter é um homem branco falando sobre racismo. Ele usa seu lugar de fala, ou seja, a branquitude para mostrar a visão que ele tem sobre o que é o racismo. O racismo de “Green Book” está nas pequenas coisas, como quando Tony “ensina” a Don Shirley quem é Aretha Franklin.

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Peter Farrelly recebendo o prêmio. Imagem: reprodução

Desde o blackface, passando pelo retrato das pessoas negras em filmes considerados clássicos como “E o Vento Levou”, a história é sempre contada por uma perspectiva. Quando a Academia entregou o Oscar para “Green Book”, ela estava afirmando esse lugar de fala. Isso quer dizer que só podemos falar sobre racismo de um jeito leve, que exima a nossa culpa nesse problema enquanto opressores. Em um ano que tivemos tantos filmes excelentes sobre questões raciais, como “O Ódio que Você Semeia” e “Blindspotting” (ambos ignorados pelo Oscar), é uma afronta que esse filme tenha vencido.

Dito isso, a cerimônia do Oscar mostrou que o status quo está sendo mantido. Não apenas as mulheres ficaram de fora das grandes categorias, mais uma vez, como um filme extremamente racista venceu a categoria mais concorrida. A sensação que fica é de que fomos enganadas. Que a representatividade é uma moeda de troca. Ganha-se dinheiro e respeito em cima dela, mas nunca dá à voz aos que estão sempre sendo representados por outros, como é o caso de “Green Book”.

Fica a pergunta com a qual comecei este texto: como podemos nos libertar dessa estrutura de poder? Haverá um Oscar comprometido de verdade, ou esta é uma invenção da nossa cabeça, algo impossível em um mundo capitalista?

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Tradutora e noveleira. Criou, em 2014, o canal sobre cinema clássico no YouTube, o Cine Espresso, para espalhar na Internet o amor pelos filmes esquecidos. Gosta de chá preto acompanhado de um bom livro.
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