[CINEMA] Mostra de Cinema Árabe Feminino exibe mais de 30 filmes dirigidos por mulheres

[CINEMA] Mostra de Cinema Árabe Feminino exibe mais de 30 filmes dirigidos por mulheres

A Mostra de Cinema Árabe Feminino, que acontece entre os dias 7 e 25 de março no Centro Cultural Banco do Brasil do Rio de Janeiro, visa retratar a diversidade do cinema árabe através de uma seleção de mais de 30 obras cinematográficas dirigidas por mulheres, com entrada franca para todas as sessões.

São 13 longas-metragens, sendo oito inéditos, e 24 curtas, somando 37 produções de mais de 10 países: Arábia Saudita, Argélia, Egito, Iêmen, Jordânia, Líbano, Líbia, Marrocos, Palestina, Qatar, Síria e Tunísia. Temas diversos como conflitos familiares, relacionamentos, amizade, autoconhecimento feminino e LGBTQ são pano de fundo para abordar o contexto histórico atual da região, que conta com diferentes realidades: desde o Egito e o Líbano, que sempre fomentaram a criação artística – seja com recursos públicos ou com recursos privados -, até a Arábia Saudita, onde ainda é proibido abrir salas de cinema.

A curadoria de Ana França e Analu Bambirra contemplou filmes de gêneros variados como ficção, documentários e experimentais. “Não pretendemos apresentar uma única resposta sobre o que é ser mulher árabe, e sim discutir as várias possibilidades ao fazer um recorte dentro das produções lançadas a partir dos anos 2000. A maioria dos filmes selecionados não foram lançados comercialmente no Brasil”, explica Analu Bambirra.

Mostra de Cinema Árabe Feminino

O filme de abertura, o longa-metragem inédito no Brasil, “Os Afortunados” (The Blessed), da premiada diretora argelina Sofia Djama, reprisa no dia 20 de março às 16 horas. A película ganhou o prêmio de Melhor Atriz no Festival de Veneza de 2017, pela atuação de Lyna Khoudri, e o prêmio de Melhor Direção no Festival de Dubai.

Outros sete longas inéditos estão entre os selecionados: “Uma Substância Mágica Flui em Mim” (A Magical Substance Flows Into Me), dirigido pela palestina Jumana Manna, cuja estreia mundial ocorreu na sessão Fórum do Festival de Berlim em 2016. O filme parte de uma gravação do musicólogo Robert Lachmann, que leva a uma viagem que retrata a cultura musical palestina; “Além da Sombra” (Upon the Shadow), é sobre a questão LGBTQ na Tunísia, da diretora Nada Mezni Hafaiedh, vencedor do Tanit de Bronze no Festival Internacional de Carthage e exibido no festival Queer Lisboa; “Arij – Cheiro de Revolução” (Arij – Scent of Revolution), de Viola Shafik, que também teve estreia mundial no Festival de Berlim e levanta questões sobre o período pós-Primavera Árabe no Egito.

Temos ainda “Pássaros de Setembro” (Birds of September), primeiro longa-metragem da libanesa Sarah Francis, que mostra um retrato íntimo da população de Beirute; “Campos da Liberdade” (Freedom Fields), filme líbio dirigido por Naziha Arebi, teve estreia mundial no Festival de Toronto, sobre o primeiro time de futebol feminino nacional do país; “O Disco Quebrado” (Broken Record) foi realizado no Iraque por Parine Jaddo, que mostra o percurso da diretora em busca da letra de uma música iraquiana que a mãe cantava na sua infância; e “Eu Dançarei Se Eu Quiser” (In Between), filme polêmico da diretora árabe-israelense Maysaloun Hamoud, que foi lançado no Festival de San Sebastian e conta sobre a vida e as relações de três mulheres árabes em Tel Aviv: uma advogada criminalista muçulmana secular burguesa, uma DJ lésbica de família cristã liberal e uma garota muçulmana devota que se tornam colegas de quarto.

Mostra de Cinema Árabe Feminino
“Eu Dançarei Se Eu Quiser”, da diretora Maysaloun Hamoud

Também serão exibidos 24 curtas-metragens, sendo 19 estreias. As exibições estão divididas em seis sessões, que trazem títulos como “Eu Tenho te Observado o Tempo Todo” (I have been watching you all along), primeiro filme da diretora Rawda Al-Thani e realizado no Qatar; “Três Centímetros“, dirigido pela libanesa Lara Zeidan, premiado com o Teddy Award de Melhor Curta-metragem do Festival de Berlim; “Povo da Terra de Ninguém” (People of the Wasteland), da diretora síria Heba Khaled, no qual ela tem acesso a imagens de GoPro realizadas por soldados sírios no front da guerra; “Terreno Baldio” (Terrain Vague), da argelina Latifa Said, que percorreu mais de 80 festivais em 37 países e ganhou mais de 20 prêmios; e “Memória da Terra” (Memory of the Land), da diretora palestino-espanhola Samira Badran, único filme de animação exibido na mostra.

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Na mostra, está também a Trilogia Sci-fi, da diretora palestina Larissa Sansour, que abordam assuntos relevantes ao povo palestino: “Um Êxodo Espacial” (A Space Exodus), no qual a diretora recria a icônica cena do homem chegando à lua, utilizando referências do filme “2001: Uma Odisseia no Espaço”, de Stanley Kubrick; “Patrimônio Nacional” (Nation Estate), que propõe uma solução para a questão Palestina: um arranha-céu que abriga toda a população e seus territórios; e “No Futuro eles Comiam da Melhor Porcelana” (In the future they ate from the finest porcelain) sobre uma intervenção história criada por um grupo de resistência. Destes, apenas o último foi exibido no Brasil.

Duas mesas redondas também fazem parte da programação: “O mundo árabe no feminino: religião, nação e feminismos“,  com a presença de Elzahra Osman (Inep/UnB), Gisele Fonseca Chagas (NEOM/UFF) e Houda B. Bakour (NEOM/UFF); e “Corpos-ficções palestinos: pensamentos fílmicos a partir de uma geografia violentada” formada por Tatiana Carvalho Costa (Centro Universitário UNA / CORAGEM-UFMG), Carol Almeida (PPGCOM / UFPE), e Fernando Resende (PPGCOM / UFF). Também estão programados debates após as seguintes exibições: Trilogia Sci-Fi, com a realizadora cinematográfica Jo Serfaty e “Eu Dançarei Se Eu Quiser” com Gisele Fonseca Chagas da NEOM/UFF.

Conheça a programação completa, com dias e horários de exibição dos filmes, no site do CCBB-RJ.

SERVIÇO

Quando: a Mostra acontece de 07 a 25/03/2019.

Local: Centro Cultural Banco do Brasil – CCBB-RJ (Rua Primeiro de Março, 66 | Centro, RJ) Tel. (21) 3808-2020.

Fonte: Palavra assessoria e comunicação

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Aquariana, mora no Rio de Janeiro, graduada em Ciências Sociais e em Direito, com mestrado em Sociologia e Antropologia pelo PPGSA/UFRJ, curadora do Cineclube Delas, colaboradora do Podcast Feito por Elas, integrante da #partidA e das Elviras - Coletivo de Mulheres Críticas de Cinema. Obcecada por filmes e livros, ainda consegue ver séries de TV e peças teatrais nas horas vagas.
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