Livros e quadrinhos LGBTQ+ “impróprios” que o Delirium Nerd aprova

Livros e quadrinhos LGBTQ+ “impróprios” que o Delirium Nerd aprova

Em tempos onde o afeto entre um casal homossexual é considerado pornografia e a censura escancarada toma proporções assustadoras em nosso país, precisamos cada vez mais divulgar e falar sobre livros e quadrinhos LGBTQ+. Divulgar obras que celebram o afeto entre lésbicas, gays, bissexuais, transexuais e toda a diversidade que nos cerca; diversidade que é capaz de nos transformar em pessoas mais empáticas, afetuosas e evoluídas.

Vivemos no país que mais assassina pessoas LGBTQ+ do mundo, e ao mesmo tempo presenciamos diversos ataques aos diretos individuais assegurados pela Constituição. Quando os tempos são obscuros e as pessoas retrógradas saem de seus esgotos moralistas, com pensamentos odiosos e violentos que ferem a existência de pessoas LGBTQ+, precisamos cada vez mais nos unir e afirmar nossa existência (e resistência) perante a censura, o conservadorismo e fundamentalismo. 

Criada por parte da equipe de redatoras do Delirium Nerd, essa lista busca contribuir – através de uma pequena parcela – contra tudo o que temos presenciado de repugnante e inaceitável no governo atual, celebrando uma das maiores características de nossa existência: a diversidade. 

Por Isabelle Simões

Quadrinho: Amor é Amor

Amor é Amor

Amor é Amor”  é uma antologia em quadrinhos onde diversos ilustradores(a) e autores(a) prestaram uma emocionante e bela homenagem às vítimas do massacre homofóbico, que o ocorreu na boate Pulse, em Orlando, no dia 12 de junho de 2016, resultando em 49 mortes.

Não tem como começar essa leitura e não se emocionar desde as primeiras páginas, que começa nos apresentando uma introdução da cineasta Patty Jenkins; mais conhecida por ter dirigido o longa da “Mulher-Maravilha”, mas que antes disso realizou uma importante cinebiografia em Hollywood, o filme “Monster: Desejo Assassino” (2003). Neste filme a diretora relatou as diversas violências e abusos sofridos por Aileen Wuornos, a conhecida serial killer que matou sete homens no estado da Flórida.

Patty conta que quanto mais lia sobre ela, mais ficava aterrorizada e comovida por sua vida. O abandono familiar e social que Aileen enfrentou corroboraram para o seu desgaste físico e mental, e nesse momento paramos para refletir: por que não percebemos (ou não nos importamos?) sobre os diversos sinais de abandono social que podem culminar em manifestações violentas futuramente? Ao conhecermos a história verdadeira de Aileen, vemos claramente uma mulher que pediu ajuda para a sociedade de todas as formas possíveis, e não foi atendida.

Conhecida nas machetes da época como “a lésbica que odiava homens e os matava por emoção”, Patty traz uma importante lição ao refletir sobre a história de Aileen e interligar com a importância do quadrinho “Amor é Amor”: a necessidade de debatermos e tratarmos essa grave doença da nossa sociedade: o preconceito; uma das doenças mais letais da história da humanidade e principalmente do nosso país – que é o local que mais mata pessoas da comunidade LGBTQ+ no mundo.

Amor é Amor
Arte de Rafael Albuquerque presente no quadrinho “Amor é Amor”. Imagem: Rafael Albuquerque / reprodução

Enquanto houver um governo que enxerga a comunidade LGBTQ+ como “doença” e não garante proteção ou direitos, ou enquanto a orientação sexual – e também a sexualidade no geral – não for ensinada com devido respeito nas escolas, estaremos longe de enfrentar a maior – e mais antiga – doença da humanidade, que se manifesta de uma maneira cada vez mais agressiva na realidade do nosso país.

Ainda há muita luta pela frente para que todos e todas possam amar sem medo. Por isso quadrinhos como “Amor é Amor” são tão necessários, pois através do conhecimento de realidades diversas da nossa, que construímos o amor e espalhamos ao próximo. Como disse o artista Oi, Aure: “Num tempo cheio de ódio, espalhar amor é militância.

Por Wladiana

Livro: A Quinta da Estação (da Trilogia A Terra Partida)

livros LGBTQ

A trilogia “A Terra Partida”, da vencedora do Hugo Awads por duas vezes consecutivas, N. K. Jemisin, inicia-se com o livro “A Quinta da Estação“. A obra se passa em um universo alternativo, em que um evento traumático ocorreu no planeta Terra, alterando completamente o mapa e unindo todos os continentes, chamado de Quietude. Graças a esse evento traumático, terremotos gigantes assolam o mundo, desencadeando erupções vulcânicas, tsunamis, desmoronamentos, etc. Por causa disso, as pessoas vivem em comunidades, e cada pessoa é acolhida (ou não) de acordo com sua utilidade para a comunidade, sendo divididas em castas.

Uma destas castas é a dos orogenes, pessoas com a habilidade de interagir com as placas tectônicas, podendo controlar ou incitar os terremotos. Por causa do medo que os “quietos” sentem dessa habilidade, muitos orogenes são ostracizados e oprimidos, sendo excluídos de todas as comunidades, agredidos ou até mortos. Durante toda a história, fica bem clara a intenção da autora em espelhar as agressões que minorias do nosso mundo sofrem, especialmente a comunidade LGBTQ+.

A trilogia também se destaca por trazer personagens LGBTQ+ durante a trama, e é refrescante mergulhar em um universo tão diverso (especialmente no subgênero “futuro distópico”), em que o gênero de sua parceira (ou parceiros, plural) é irrelevante para os outros personagens. Além disso, a história é muito intrigante e os segredos do mundo são revelados aos poucos, dando mais vontade de ler para descobrir como esse mundo surgiu e como ficará depois dos eventos do primeiro livro “A quinta da estação”. O segundo livro chama-se “O Portão do Obelisco” e foi publicado pela editora Morro Branco, responsável pelo lançamento da trilogia no Brasil.

Quadrinho: A Lenda de Korra – Guerras Territoriais

quadrinhos LGBTQ

O roteirista Michael Dante DiMartino é responsável por essa expansão da série animada “Avatar: A Lenda de Korra”. O quadrinho “A Lenda de Korra – Guerras Territoriais” conta também com ilustração de Irene Koh, coloração de Vivian Ng e diagramação de Nate Piekos.

A obra explora o mundo após o episódio final da série, quando foi revelado que Korra e Asami tornaram-se um casal. A história traz alguns temas que ficaram de fora do desenho, como o conflito da sexualidade de Korra e as tradições de sua tribo, o impacto na vida de pessoas comuns após o ataque de Kuvira, além do relacionamento entre a Avatar e Asami. Guerras territoriais teve três partes, todas já lançadas (em inglês).

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Por Laís Fernandes

Quadrinho: Paper Girls

Paper Girls

A série de quadrinhos “Paper Girls“, criada por Brian K. Vaughan e ilustrada por Cliff Chiang, inova de várias maneiras, a começar pela nostalgia dos anos 80, permeada pela representatividade feminina tão importante nos dias atuais.

Na história, somos apresentadas ao grupo de entregadoras de jornal, formado pela novata Erin, Tiff, Mac e K.J., e cada possui uma personalidade diferente da outra. Na trama, elas precisam unir forças para enfrentar uma série de mistérios que surgem inesperadamente em suas vidas, além das mudanças acarretadas pela passagem para a adolescência.

Em meio às reviravoltas da trama (que são muitas e de tirar o fôlego), conhecemos Heck, um adolescente viajante do tempo, assumidamente gay, que precisa conviver com o trauma derivado do assassinato do namorado. Além dele, a personagem K.J. possui passagens interessantíssimas, nas quais ela descobre aos poucos a paixão que nutre por Mac, reconhecendo-se lésbica, ao passo que amadurece.

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Nos primeiros quadrinhos, Mac, dona de uma personalidade forte, mostra-se intolerante quanto à comunidade LGBTQ+, expressando falas homofóbicas abertamente, fruto do pensamento de boa parte da sociedade da época. É interessante o cuidado que Vaughan tem ao sempre colocar uma das outras garotas para questionar a postura e o pensamento de Mac, tentando desconstruir tais pensamentos com base no respeito e na aceitação.

Quadrinho: Saga

quadrinhos LGBTQ
Upsher e Doffer em “Saga”

Brian K. Vaughan e Fiona Staples são os responsáveis pelo sucesso da premiada série “Saga“, uma space opera que conta a história de Alana e Marko, um casal fugitivo, e de Hazel, a filha que nasceu do relacionamento dos dois. O enredo é conhecido por tratar de assuntos socialmente relevantes, como a situação dos refugiados e a relação hierárquica entre governantes tirânicos e povos que lidam com as consequências de guerras. As diversidades presentes na obra abrangem raça, sexualidade e gênero, contemplando de forma maravilhosa as pautas LGBTQ+. 

Ao longo dos nove volumes já lançados (oito, aqui no Brasil, pela editora Devir), personagens LGBTQ+ são apresentados ao público e trazem à tona discussões relevantes e importantes. Os primeiros personagens a aparecer já nos volumes iniciais são Upsher e Doffer, dois jornalistas que precisam de relacionar escondidos, uma vez que o meio que frequentam, inclusive o trabalho, é hostil.

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quadrinhos LGBTQ
Gwendolyn em “Saga”

Gwendolyn é bissexual e ao longo da obra conta sobre seu passado como noiva de Marko e, também, se relaciona com uma mulher após os primeiros volumes da série. Petrichor é uma mulher trans que a mãe de Marko, Klara, conhece em um momento em que acaba se desencontrando de seu filho e nora. Petrichor possui um papel importante na formação de Hazel, que já com quatro anos de idade começa a conviver com uma representante LGBTQ+ que a ensina a enxergar as pessoas pertencentes à comunidade como seres humanos que precisam ter suas vidas respeitadas, conversando de forma sincera com a menina.

quadrinhos LGBTQ
Petrichor e Izabel em “Saga”

Quadrinho: Justin

Como é ser um menino preso em um corpo de menina? Este questionamento é levantado pela autora Gauthier, em seu quadrinho “Justin“, obra narrada por Justin, um homem trans, que conta suas memórias do período anterior à transição. Justin nasceu Justine, uma menina superprotegida pelos pais e envolta em uma “bolha cor-de-rosa”, especialmente pela mãe.

Sentindo as imposições da sociedade desde a tenra idade, Justine sempre se sentiu deslocada e sufocada, uma vez que aspectos, na maioria das vezes relacionados aos homens, sempre lhe agradaram mais, como as roupas largas e os esportes.

representatividade trans
Justin, de Gauthier

Ao crescer e se tornar adolescente, Justine passa por uma série de problemas, incluindo o bullying na escola, por ser diferente das demais meninas. A angústia da protagonista só diminui quando, já adulta, inicia um relacionamento com uma mulher e percebe que seus conflitos internos iam muito mais além do que sua opção sexual: é Joële que incentiva Justine a procurar auxílio de profissionais e que abre seus olhos para a transexualidade. Assim, Justine revela para si e para as demais pessoas com as quais convivia quem sempre fora: um homem trans.

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O quadrinho aborda, ainda, a negligência, o despreparo e o preconceito que muitos profissionais da área da saúde possuem, o que muitas vezes complica as situações delicadas nas quais pessoas em período de transição se encontram. A obra é uma excelente escolha para quem deseja iniciar leituras sobre transexualidade, uma vez que o depoimento de Justin, mesmo sendo ficcional, é palpável, verossímil e extremamente atual. 

Por Jessica Bandeira

Livro: Amora

romance lésbico

Vencedor do Prêmio Jabuti de 2016, “Amora é um livro de contos impossível de largar. Dividido em duas partes, Grandes e Sumarentas e Pequenas e Ácidas, os contos nos fazem rir, se emocionar e pensar em diversas questões que fazem parte do universo LGBTQ+: a aceitação e a saída do armário, por exemplo. 

Natalia Borges Polesso aborda ora de forma delicada, como no conto Vó, a senhora é lésbica?, ora de forma brutal e intensa, como em Flor, flores e ferro retorcido, o dito e não dito que tantas vezes faz parte da nossa vida; e talvez este seja o aspecto mais notável de “Amora”. No entanto, há espaço para histórias divertidas sobre quatro amigas lésbicas em uma mesa de bar discutindo amores e desamores.

“Amora” é uma obra que faz a gente se sentir em casa, como se alguém tivesse contando um pouco da nossa vida enquanto mulheres que amam mulheres. Nesse mosaico de emoções, percebemos que, além dos envolvimentos amorosos entre mulheres, também há espaço para pensarmos sobre questões mais universais, como o luto e a descoberta.

Livro: Ninguém Vai Lembrar de Mim

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Em seu livro de estreia, Gabriela Soutello provoca uma rachadura profunda dentro de nós ao abordar os relacionamentos amorosos entre mulheres em “Ninguém Vai Lembrar de Mim. Os rasgos na alma acompanham a edição fantástica da Editora Pólen (selo Ferina), repleta de fotografias. São mãos e paredes que se tocam, se racham e se sustentam de alguma forma.

Gabriela Soutello versa muito sobre amor, desilusão e a solidão de São Paulo. Não há protagonista e, aparentemente, os escritos parecem desconectados. No entanto, quando os juntamos, percebemos que neles reside a solidão que é ser uma mulher amando outra mulher em uma sociedade patriarcal. Há uma espécie de marca invisível em cada uma de nós.

Outro detalhe muito bacana de “Ninguém Vai Lembrar de Mim” é que o livro foi feito por mulheres, sendo que 80% delas são lésbicas, bissexuais e pansexuais. As mulheres estão presentes em todos os estágios do livro, da revisão à diagramação.

Livro: Carol

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Escrito nos anos 1950, “Carol” foi um romance que desafiou a sociedade da época ao contar a história do romance entre Thérèse Belivet e a misteriosa Carol, uma cliente da loja onde a jovem trabalhava. 

Por conta do tema do romance, Patricia Highsmith assinou o romance com o pseudônimo de Claire Morgan. Já o título com o qual foi publicado na época foi “The Price Of Salt” (O Preço do Sal, em português). Highsmith conta que recebeu muitas cartas positivas após a publicação do livro, pois ele tinha um final feliz, algo com o qual as histórias LGBTQ+ não contavam naquele tempo.

O final de Carol inspirou muitos LGBT+s a resistir. Patricia também conta que a inspiração para a história foi porque ela mesma trabalhou em uma loja de departamento (como Thérèse) e conheceu uma misteriosa mulher de casaco de pele (que inspiraria a figura de Carol).

Além do choque do romance entre duas mulheres, Carol também foi transgressor porque uma das personagens era divorciada e tinha uma filha. Em uma época em que mulheres LGBTQ+ eram retratadas como frígidas e solitárias, o romance de Highsmith propôs outro olhar sobre a vida de mulher que ama mulheres.

“Carol” recebeu uma adaptação para o cinema, dirigida por Todd Haynes, com Cate Blanchett e Rooney Mara nos papéis de Carol e Thérèse respectivamente.

Por Nathalia de Morais

Quadrinho: Buffy the Vampire Slayer

Buffy the Vampire Slayer

Buffy the Vampire Slayer“, o fenômeno da cultura pop cujo seriado foi pioneiro de todo um segmento, continuou sua saga após o desfecho televisivo. No formato dos quadrinhos, a história dos Scoobies ganhou continuação e vai até sua décima segunda temporada pela Dark Horse Comics, cujo roteiro é assinado por diversos escritores, entre eles Joss Whedon, Christos Gage e Andrew Chambliss. A tiragem da temporada doze, porém, é a última edição pela editora, em seguida tendo seus direitos transferidos para a BOOM! Studios, sua atual morada, onde está em seu recomeço.

Willow, uma das bruxas mais famosas no imaginário de muitos amantes da década de 90, possui todo um desenvolvimento nos quadrinhos que não lhe é conferido no seriado, até mesmo por questão de tempo, e ganha novos amores que também acrescentam muito à narrativa.

Apaixonadas por aventura – ou saudosas das histórias envolvendo vampiros – podem acompanhar todas as temporadas e sentirem-se confortáveis com o maior desenvolvimento de personagens LGBTQ+, visto que ao mesmo tempo onde Buffy foi precursora pelo casal Willow e Tara, o desfecho de Tara foi extremamente doloroso.

quadrinho LGBTQ
Willow e Rose em “Buffy”

Os quadrinhos de “Buffy the Vampire Slayer” mostram um mundo expandido que vive até hoje, e se você era apaixonado pela série, é meio caminho andado. Porém, para quem não era fã do seriado é válido falar que fica mais complicado acompanhar, pois a versão escrita retoma de onde a audiovisual parou. Mas em sua edição nacional, temos alguns menus que simplificam a compreensão para a leitora nova.

Para quem não tem como acompanhar toda saga da Dark Horse, vale a pena acompanhar a da BOOM! Studios. Escrita por Jordie Bellaire, Willow já começa como uma estudante LGBTQ+ com uma namorada nova: Rose. É uma repaginação de Buffy aproximando-a de uma nova geração.

Livro: Controle

Controle, Natalia Borges Polesso

Natalia Borges Polesso enriquece a literatura nacional com sua escrita apaixonada, cujas sentenças parecem correr uma atrás da outra. Conhecemos a história de uma jovem epiléptica cujo transtorno foi identificado na infância após um acidente de bicicleta. A partir de então, sua vida foi transformada, o mundo lá fora torna-se apenas uma memória, um ponto pequeno distante da redoma que ela criou em sua mente, no seu quarto, único lugar seguro. Seus pais não contribuem muito para tal isolamento, mantendo ela sempre perto, sob seus cuidados, em protecionismo por conta da sua condição.

Enquanto o universo tende a desaparecer quando Nanda coloca seus fones de ouvido, apenas uma pessoa consegue viver sob a impressão de seus pálpebras cerradas: Joana, sua melhor amiga, que conhece desde pequena. Em “Controle“, os vocábulos de Maria Fernanda, nossa protagonista, narram sua procura por fôlego, pelo preenchimento existencial, eles entoam sua raiva, tornam sua vida uma poesia. Tudo isso é acompanhado pela trilha sonora de New Order, que cai perfeitamente com toda jornada e faz sentido em todos os momentos.

O livro é de leitura contínua, rápida, ele pode te devorar ou te levar numa verdadeira catarse, caso se identifique com a saga pessoal da protagonista. Depressão, romance, autoconhecimento, descobertas, a jornada de uma vida. “Controle” é uma leitura que leva a leitora ao mundo de Nanda, mas faz do mundo dela, também seu. Uma belíssima obra lésbica nacional, que vale toda sua atenção.

Por Jéssica Reinaldo

Quadrinho: Lumberjanes

quadrinhos LGBTQ
Mal e Molly em “Lumberjanes”

Lumberjanes” é um quadrinho criado e feito por Noelle Stevenson, Shannon Waters, Grace Ellis e Brooklyn A. Allen, e acompanha um grupo de amigas escoteiras, composto por Jo, April, Molly, Mal e Ripley, em um acampamento de verão que não é nenhum pouco comum. Entre tantas aventuras e situações sobrenaturais e, às vezes, até assustadoras, a amizade das garotas cresce e elas estão dispostas e prontas para enfrentarem tudo que aparecer pela frente juntas.

“Lumberjanes” é uma incrível história divertida sobre amizade e amor, que trata da diversidade de forma leve e orgânica. Além de Molly e Mal terem um relacionamento bastante forte e presente, com ambas se protegendo sempre que aparece a necessidade, segurando as mãos, ou dividindo as tarefas, Jo é uma garota trans, e tudo isso é explícito durante as edições, sem a preocupação de explicações, nos mostrando como todas as relações e identidades de gênero são naturais, como deveriam ser.

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quadrinhos LGBTQ
Jo (no centro) em capa de “Lumberjanes”

Um dos seus criadores, Brooklyn Allen, também é um homem trans. Portanto, “Lumberjanes” não é só um quadrinho diferente e divertido, é uma grande aventura gostosa de acompanhar, com pluralidade e muitos sentimentos.

Por Tânia

Quadrinho: Love and Rockets – Lôcas

quadrinhos LGBTQ

Love & Rockets” é uma série de quadrinhos lançada nos anos 80 e publicada até hoje pelos irmãos Gilbert e Jaime Hernandez. Considerada uma das melhores HQs de todos os tempos, a série é dividida em dois núcleos de histórias: Lôcas e Palomar. Em “Lôcas” temos o casal de protagonistas Maggie e Hopey, que são melhores amigas e também amantes.

A série ficou famosa por retratar a sexualidade feminina nos anos 1980, por meio de duas protagonistas punks e mexicanas, quebrando tabus ao abordar temas como bissexualidade e lesbianidade de maneira natural. As personagens têm uma vida cheia de aventuras e descobertas, e nesse meio tempo conseguem se amar e confiar umas nas outras.

O grande mérito de “Lôcas” é que as mulheres são personagens femininas reais. Elas engordam, envelhecem, cortam o cabelo, trabalham, sofrem por amor, têm crises existenciais e ainda arranjam tempo para tocar em uma banda punk.

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Edição realizada por Isabelle Simões.

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