The Dark Man: a escuridão que habita em todos nós

The Dark Man: a escuridão que habita em todos nós

“Monstros são reais, fantasmas também. Eles vivem dentro de nós e às vezes vencem.”. Stephen King se deparou com a escuridão desde cedo e quase foi vencido por ela. O autor enfrentou inúmeras dificuldades ao longo da carreira. Problemas com álcool, drogas e dificuldades financeiras acompanharam o mestre enquanto sua imaginação explorava (e continua explorando) o horror, com a entrega de clássicos literários e adaptações cinematográficas que aterrorizaram a infância de muitos de nós. Em “The Dark Man“, escrito por King e ilustrado por Glenn Chadbourne, conhecemos os primórdios da escuridão de King através do personagem Randall Flagg.

Com edição da Darkside Books, o quadrinho apresenta um dos primeiros poemas escritos por King, ainda na época da faculdade. Um homem de preto, que posteriormente aparecerá como o antagonista Randall Flagg em outras obras do autor, é o personagem condutor dessa narrativa poética. Seu rosto nunca nos será mostrado enquanto perambula próximo aos trilhos de uma estação abandonada. O cenário obscuro e macabro, ilustrado por meio de canetas e tinta preta de Chadbourne, assim como a marcante presença de seres em decomposição, corroboram para uma sensação sufocante ao longo da leitura, fazendo com que cada página pareça se inundar diante da escuridão da mente do homem de preto.

Randall Flagg surgiu quando escrevi um poema chamado ‘The Dark Man’, ainda na faculdade. Surgiu para mim do nada, esse cara de botas de caubói pelas estradas, quase sempre pedindo carona à noite, sempre de jaqueta e calça jeans surrados. Escrevi o poema no refeitório da faculdade, no verso de um jogo de mesa, e ele nunca saiu da minha cabeça”, afirma o autor sobre a origem do personagem na contracapa da edição.

The Dark Man: o Homem que Habita a Escuridão
Edição da Darkside Books do quadrinho “The Dark Man: o Homem que Habita a Escuridão”. (Imagem: divulgação)

The Dark Man e nossos demônios interiores

Esse homem de preto, o andarilho observador que explora a deterioração ao seu redor, é a consciência obscura da mente humana. São os monstros de vivem dentro de nós e que podem vencer em algum momento. E Stephen King explora muito bem essa escuridão que habita em todos nós. Uma escuridão que poderá ser nutrida e desenvolvida em algo extremamente cruel e bestial. Portanto, aqui, temos um deleite da origem do horror que será explorado nos clássicos posteriores de King, que ainda conta com um belíssimo trabalho de tradução do autor Cesar Bravo.

A arte de Glenn Chadbourne apresenta cenários detalhados e imersivos, com expressões de seres perdidos e desesperados em um cenário quase apocalíptico. Além disso, a edição impecável da Darkside, com capa dura e formato diferenciado (26 x 17,5 cm), contribui para experiência do leitor, permitindo uma aproximação satisfatória aos detalhes visuais da obra. Quando adquirido diretamente na loja da editora, o quadrinho acompanha um kit de cards exclusivo, além de marcadores de páginas.

The Dark Man, Glenn Chadbourne e Stephen King (resenha)
Trecho de “The Dark Man” e a arte macabra de Glenn Chadbourne, (Imagem: divulgação)

Parafraseando a quadrinista Emil Ferris, existem dois tipos de monstros, o bom e o ruim. O bom às vezes assusta alguém por causa de suas presas ou aparência, mas, em geral, é inofensivo. Já o monstro ruim quer o mundo do jeito dele, e não quer que ninguém seja livre. E são os monstros ruins que interessam a King. Suas histórias são capazes de explorar as diversas camadas do medo, da violência e do horror, temas que acompanham todos os seres no decorrer da vida. Em “The Dark Man” vemos a união de dois artistas talentosos do Maine que nos mostram o nascimento de um monstro muito, muito ruim.


The Dark Man: o Homem que Habita a Escuridão

Stephen King e Glenn Chadbourne

Darkside Books

160 páginas

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Fundadora e editora do Delirium Nerd. Apaixonada por gatos, cinema do oriente médio, quadrinhos e animações japonesas.
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