Coringa, Arlequina e a afeição por anti-heróis na cultura pop

Coringa, Arlequina e a afeição por anti-heróis na cultura pop

Sabemos muito bem definir o significado de um herói. Aquele indivíduo que põe sua vida em risco e sacrifício pelo bem dos outros. O que procura ajudar os desamparados. Dessa maneira, podemos pensar em diversos exemplos de heróis que a cultura pop já nos apresentou com o passar dos anos. No entanto, por que os anti-heróis têm ganhado tanto destaque atualmente nos cinemas? Por que nos afeiçoamos tanto por eles?

Filmes como “Coringa” (2019) e “Aves de Rapina” (2019) são dois exemplos de obras cinematográficas com anti-heróis que conquistaram (a ainda conquistam) enorme audiência do público atualmente.

Joaquin Phoenix, que levou o Oscar de Melhor Ator no último Oscar, mostrou que nasceu para interpretar o Coringa, no filme dirigido por Todd Phillips. Sua atuação visceral em conjunto com o roteiro, apresentou um drama psicológico sobre a origem, até então nunca vista, de um personagem que está à margem da sociedade. Já a atriz Margot Robbie retratou uma Arlequina multifacetada no longa de Cathy Yan, “Aves de Rapina”. A personagem, inclusive, aparenta ser empática em alguns momentos da obra, com direito a cenas repletas de girl power, mesmo sendo uma anti-heroína cruel que vive em uma Gotham violenta e fétida.

O infográfico produzido pelo time de conteúdo da Betway, site de casino online , reuniu alguns dos maiores anti-heróis do cinema, que nos fez pensar em como tais personagens imperfeitos receberam tanto destaque na cultura pop. Mas, afinal, por que gostamos tanto de filmes com anti-heróis?

O médico e criador da psicanálise, Sigmund Freud, apresentou em 1899 um mapa do Aparelho Psíquico que divide nossa psique em três instâncias: o ID, o ego e o superego.

O ID corresponde à impulsividade que desconhece os limites ou a lógica. O superego são os pensamentos éticos e morais que internalizamos, pensamentos que visam uma recompensa por seguir tais regras sociais. Dessa maneira, inibimos os impulsos ao forçar comportamentos permitidos pela sociedade, buscando uma ideia de perfeição. Já o ego é o equilíbrio dessas duas instâncias, entre o primitivo e o que é socialmente correto.

Quando gostamos de um personagem, nossa mente se aproxima dos instintos deste personagem. Os anti-heróis que são retratados deforma multifacetada pela cultura pop, apresentam diversas nuances com as quais nos identificamos, servindo como um espelho do nosso ID em diferentes escalas.

Dessa maneira, quando vemos, por exemplo, o desamparo social no qual o Coringa está inserido, como na cena onde ele precisa dar continuidade ao tratamento psicológico, mas o governo de Gotham não irá mais assegurar tais direitos, o filme traz um olhar mais humanizado do anti-herói, aproximando-o de seus espectadores, mesmo que suas ações violentas não sejam justificadas por tal fator. Ou, então, quando presenciamos as ações violentas de Arlequina, que após ter sobrevivido de um relacionamento abusivo e ter buscado finalmente sua emancipação, compreendemos melhor que a violência praticada por ela é o único mecanismo que ela conhece para proteger-se.

Dessa maneira, através destas sórdidas ações dos anti-heróis com o ID, presenciamos como tais escolhas são capazes de trazer conseqüências irreversíveis e ruins para o superego. Portanto, nos afeiçoamos por tais anti-heróis mesmo conscientes que suas ações são irracionais e desprezíveis como um todo.Trata-se da fórmula do grande sucesso dessas novas franquias de anti-heróis no audiovisual.

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