Personagens LGBTQIA+ nos quadrinhos mainstream

Personagens LGBTQIA+ nos quadrinhos mainstream

Não há dúvidas sobre a maior inserção de personagens LGBTQIA+ nas histórias em quadrinhos nos últimos anos. Porém, são tantos conflitos e dificuldades para ser um herói ou vilão não-heterossexual que fica o questionamento: ser LGBTQIA+ sempre precisa ser acompanhado de dor, situações problemáticas e perdas?

Batwoman e Arlequina, por exemplo, foram criadas para desmentir boatos de que Batman e Coringa eram gays, a segunda ainda foi inserida em um relacionamento extremamente abusivo e romantizado por décadas. Quando pensamos no Lanterna Verde (Alan Scott), a morte de seu namorado em um acidente impactante é a responsável pelo surgimento de seus poderes; Hulking e Wicanno levaram sete anos para o registro de um beijo nas páginas das HQ’s; Sina e Mística aguardaram décadas e até hoje a bissexualidade da Mulher-Maravilha fica à meia-luz.

Pessoas trans e assexuais são mais subrrepresentadas ainda nos quadrinhos mainstream. Personagens principais são raras, até as secundárias demandam uma busca mais profunda e, com sorte, encontramos Alysia Yeoh — colega de quarto trans de Barbara Gordon, Batgirl roteirizada por Gail Simone — que foi pensada de maneira respeitosa e sem toda essa carga de que o universo de personagens LGBTQIA+ vem sempre acompanhado de dificuldade e dor.

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Após citar esses pontos, trazemos alguns questionamentos: o que mudou desde Estrela Polar — primeiro herói gay da Marvel concebido como homossexual desde o início de acordo com seu co-criador John Byrne, mas que devido à pressão do “Código dos Quadrinhos” só pode se assumir oficialmente em 1983? Qual “Código dos Quadrinhos”, em 2020, impede uma representatividade mais significativa?

Listamos abaixo 10 personagens dos quadrinhos mainstream que, entre erros e acertos do mercado editorial, buscam jogar uma luz na escassa representatividade de personagens LGBTQIA+ nas HQ’s de massa. Caso conheça mais nomes, compartilhe conosco!

Personagens LGBTQIA+ nos quadrinhos: Batwoman

Kathy Kane foi criada nos anos 1950 para ser par romântico de Batman em meio aos burburinhos de que o Homem-Morcego tinha um relacionamento com Robin. A partir dos comentários voltados ao suposto casal, surgiu em 1954 o Comic Code Authority, órgão que censurava quadrinhos que iam contra a “moral” e os “bons costumes” da época.

Nessa primeira fase, Kathy Kane atuava como artista circense e, após ficar milionária, passou a combater o crime se inspirando no Batman. De posse de apetrechos estereotipados, como batons, maquiagens e braceletes, a personagem foi removida em 1964 da série Detective Comics e voltou a fazer raras aparições a partir dos anos 1970. Somente em 2006 a personagem foi reintroduzida ao universo da DC, dessa vez como lésbica.

Personagens LGBTQIA+ nos quadrinhos mainstream
Batwoman e a agente do Departamento de Polícia de Gotham City, Maggie Sawyer, um casamento que não aconteceu. (Imagem: reprodução)

Afastando-se da Batwoman dos anos 1950, a atual Kate Kane, filha do ex-militar Jacob Kane, primo de primeiro grau da mãe do Batman, seguiu carreira no exército estadunidense até ter sua sexualidade denunciada e assim ser dispensada do serviço, o que de fato acontecia nos Estados Unidos até 2011, por meio de uma política que proibia homossexuais declarados de assumir cargos militares.

Exonerada, Kate retorna a Gotham e sofre uma tentativa de assalto em que o Homem-Morcego aparece para ajudá-la, porém ela dá conta do recado graças ao seu treinamento militar. Sem saber que Bruce Wayne é seu primo de segundo grau, Kate torna-se uma justiceira mascarada que tem Batman como inspiração, mas não se subordina a ele.

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Em sua revista, ela teve vários relacionamentos, com destaque para a policial Renee Montoya, repleto de altos e baixos além de situações de risco de vida para ambas as partes, e o quase o quase casamento com a agente do Departamento de Polícia de Gotham City, Maggie Sawyer, que foi cancelado pela DC Comics ao desmanchar o noivado das personagens por medo da opinião pública.

Kate Kane e Renee Montoya
O casal Kate Kane e Renee Montoya no universo de personagens LGBTQIA+. (Imagem: reprodução)

Em outubro de 2019, a personagem ganhou uma série de TV dentro do Arrowverse da rede CW com Ruby Rose como uma Batwoman assumidamente lésbica. A atração teve sua segunda temporada confirmada, mas com outra atriz vestindo o traje da Mulher-Morcego. Dessa vez, quem entrará em cena é Javicia Leslie, que não assumirá como Kate Kane, mas Ryan Wilder, uma figura que não existe nos quadrinhos. Ainda não há data de estreia, mas acredita-se que a nova temporada terá início em janeiro de 2021.

Arlequina e Hera Venenosa

Assim como a Batwoman, a Arlequina foi criada para dissolver boatos de que um personagem da DC era gay, desta vez, o Coringa. A personagem passou por um relacionamento extremamente abusivo nas mãos do vilão, levando-a a desenvolver Síndrome de Estocolmo, condição em que a vítima tem sua sobrevivência como objetivo principal e enxerga no captor sua fonte de esperança, sentindo-se grata devido ao sentimento de absoluta dependência e desamparo causado pelo terror incutido pelo abusador. A figura de Hera Venenosa surge com o intuito de retirar Arlequina desse local.

Personagens LGBTQIA+ nos quadrinhos
A relação entre Hera e Arlequina sofreu mudanças ao longo dos arcos. (Imagem: reprodução)

O início da parceria se deu em 1993, no episódio #56 da animação “Batman: a série animada”. Nele, Arlequina rouba um diamante do Museu de Gotham enquanto Era Venenosa também executava um roubo de toxinas no mesmo local, o encontro rendeu uma amizade que desenvolveria ao longo dos anos.

Em 1998, Paul Dini e Rick Burchett lançam a edição de “Batgirl Adventures” em que a personagem dona da revista questiona a amizade de Harley e Ivy, deixando a entender que existia algo romântico entre as amigas. Já deixando indícios de um possível relacionamento, a DC continuou apostando no companheirismo como principal traço da relação e em “Harley #15” (2015) veio a confirmação via Twitter da editora de que elas eram um casal em relacionamento aberto.

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A ideia de uma relação saudável entre duas mulheres que sempre foram amigas foi só evoluindo com o passar do tempo, com Ivy surgindo na vida da Harley para combater a falsa glamourização dos abusos cometidos pelo Coringa contra a personagem.

Em 2018, na HQ “Injustice 2” #70, enquanto a Orca e o Crocodilo subiam, Hera Venenosa aproveitou o momento para contar sobre quando se casou com Arlequina em Las Vegas. Nos arcos de “Novos 52” e “Rebirth”, há a transição da Arlequina de vilã para anti-heroína, dando nova roupagem à personagem.

Hera Venenosa e Arlequina - personagens LGBTQ
Enquanto Orca e Crocodilo subiam ao altar, Hera Venenosa aproveitou o momento para contar sobre quando se casou com Arlequina em Las Vegas. (Imagem: reprodução)

Personagens LGBTQIA+ nos quadrinhos: Lanterna Verde

As publicações com Alan Scott por trás do uniforme do Lanterna Verde datam dos anos 1940. Porém, sua repaginação para Os Novos 52, linha editorial adotada pela DC Comics com o objetivo de revitalizar suas personagens, começa em 2012 e por sua orientação sexual.

À época, a decisão gerou diversos comentários homofóbicos pela internet, rendendo inclusive matérias na televisão aberta brasileira como uma “saída do armário” de Hal Jordan, interpretado por Ryan Reynolds no cinema em 2011. Entretanto, a informação é errônea, pois se trata de uma reformulação do Lanterna Verde original da Era de Ouro.

Recriar um personagem clássico como um homem gay poderoso pode parecer algo grandioso, porém algumas páginas depois a DC Comics encerra o relacionamento homoafetivo de forma abrupta. Alan está namorando, e até mesmo se preparando para propor casamento quando sofrem um terrível acidente de trem. Apenas Alan sobrevive, devido a uma misteriosa chama verde que aparece e o transforma no Lanterna Verde. A partir disso, o personagem torna-se um herói proeminente na série, com seus poderes finalmente revelados estando conectados ao Verde, a força invisível que conecta toda a vida natural na Terra.

Lanterna Verde - personagens LGBTQ nos quadrinhos
O pedido de casamento feito por Alan Scott ao amado. (Imagem: reprodução)
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A curta existência dessa relação se seguiu com um Lanterna Verde que lamentava a morte do amado e que não voltou a se envolver afetivamente com outro homem, evitando assim cenas românticas entre pessoas do mesmo sexo e consequentemente reclamações dos fãs mais conservadores do personagem.

Contudo, a homossexualidade de Alan Scott reaparece de maneira indireta em “Dark Things Cannot Stand the Light”, da edição comemorativa de 80 anos do herói, quando ele visita Doris Henton, mãe de Jimmy Henton – um jovem que Alan conheceu em uma viagem de trem fatídica em que se tornou o Lanterna Verde. Foi um Jimmy mortalmente ferido que chamou a atenção de Alan para o que deu poder a Alan e lhe permitiu escapar do acidente.

Breves flashbacks sugerem que Alan estava tentando fugir de sua atração por outros homens quando ele e Jimmy começaram uma aventura breve e romântica enquanto estavam no trem. Doris dá a entender que o filho passou por uma experiência semelhante e que acabou se sentindo sozinho. Porém, a “luz” dentro dele se apagou, para que não corresse o risco de repercussões em um período de tempo menos compreensivo.

Doris diz a Alan que se a mesma luz estiver dentro dele, ele deve “carregá-la para ajudar outras pessoas a encontrarem o caminho”. Alan promete fazer isso antes de revelar sua identidade como Lanterna Verde e voar para o céu. Quando se trata de um personagem clássico, parece que a DC prefere manter a homossexualidade às sombras, pelo menos até o momento.

Alan Scott - personagens LGBTQ nos quadrinhos
Aqui temos um Alan Scott fugindo de si mesmo. (Imagem: reprodução)

Hulking e Wiccano

Hulking e Wiccano são membros da equipe dos Jovens Vingadores. Recrutados pelo fundador Iron Lad (Rapaz de Ferro), eles se juntaram ao time com o Patriota para defender Nova York após os Vingadores originais serem dissolvidos depois da explosão da Mansão dos Vingadores. Os dois se deram bem e se tornaram um dos primeiros casais abertamente gays da Marvel, depois que Billy Kaplan mudou seu codinome de Asgardiano para Wiccano.

O primeiro beijo de Hulking e Wiccano - personagens LGBTQIA+ nos quadrinhos
O primeiro beijo de Hulking e Wiccano. Um marco no universo de personagens LGBTQIA+. (Imagem: reprodução)

Hulkling e Wiccano tiveram seu primeiro beijo em “Young Avengers: The Children’s Crusade” #9, em 2012. Não foi necessariamente um grande momento no romance, já que eles estabeleceram seu amor um pelo outro antes, mas foi um marco para os fãs que acompanharam o nascimento dessa paixão ao longo de sete anos, enquanto Hulking e Wicanno eram companheiros de equipe.

Na época, o setor de criação da Marvel explicou que o beijo demorou tanto tempo porque muitos dos títulos de Jovens Vingadores estavam atrelados a “Guerra Civil”, “Invasão Skrull” e “Reinado Sombrio”, o que deixou pouco espaço para explorar essa relação em sua totalidade.

O casal enfrentou diversos desafios juntos, como em “A Cruzada das Crianças”, quando os poderes de Wicanno ficam sobrecarregados, e em seguida a batalha que dividiu os Jovens Vingadores, levando Billy a uma forte depressão, porém Hulking ficou ao seu lado e também lutou outras batalhas com o amado. Entre altos e baixos, eventualmente os personagens se viram noivos e se casaram em Las Vegas. Contudo, os rompimentos entre casais LGTQIA+ viria à tona mais uma vez.

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Hulking e Wiccano - personagens LGBTQIA+ nas HQs
Casamento de última hora em Las Vegas é uma escolha recorrente nas narrativas de personagens LGBTQIA+ em HQ’s mainstream (Imagem: reprodução)

Wiccano e Hulkling são parte da realeza da Marvel. Billy é descendente da Feiticeira Escarlate e, em alguns cânones, ele também é neto de Magneto. Já Teddy é o primeiro filho da linhagem Kree e Skrull. Ele foi nomeado Dorrek VIII, futuro líder dos dois impérios. Isso é explicado mais detalhadamente em “Incoming!” (2019), onde Teddy abraça sua herança Kree/Skrull e se separa de Wicanno para liderar o exército de sua linhagem. Ver Teddy deixar Billy foi algo inesperado pelo fandom, dada a devoção de um pelo outro. Tudo indica que o relacionamento deles será posto à prova mais uma vez em “Empyre” (2020).

Personagens LGBTQIA+ nos quadrinhos: Mulher-Maravilha

Nascida e criada em Themyscira, uma ilha paradisíaca povoada apenas por mulheres, a Mulher-Maravilha dos quadrinhos sugere que a personagem seja bissexual. Porém, ao longo dos anos, o assunto nunca foi abordado abertamente. O primeiro indício surgiu na HQ “Mulher-Maravilha: Terra Um”, publicação que entra no tópico de maneiras diversas, sendo uma delas quando Mala chama Diana Prince de “minha amante”.

Contudo, a bissexualidade da Mulher-Maravilha entrou para o cânone da fase “Renascimento DC”, pelas mãos do roteirista Greg Rucka, em uma conversa entre as amazonas sobre a vida amorosa da grande heroína da Ilha Paraíso. Apesar da abordagem, mesmo que indireta, acerca da bissexualidade da Mulher-Maravilha nos quadrinhos, ela não foi transposta para as versões cinematográficas.

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A bissexualidade da Mulher-Maravilha
A bissexualidade da Mulher-Maravilha fica subentendida nas HQ’s. (Imagem: reprodução)

Alysia Yeoh

A diversidade da Batgirl criada por Gail Simone não se limitou à representação de mulheres fortes que combatem o crime. Gail também foi responsável por incluir a primeira personagem transgênero em uma HQ mainstream. A edição #19 de Batgirl (2013), com roteiro de Gail Simone e arte da dupla Daniel Sampere e Vicente Cifuentes, revelou Alysia Yeoh, companheira de apartamento de Barbara Gordon, como pessoa transgênera e bissexual.

Alysia Yeoh compartilha com Barbara Gordon que é trans - personagens LGBTQ nos quadrinhos
Alysia compartilha com Barbara Gordon que é trans. (Imagem: reprodução)

Alysia tem descendência cingapuriana, é pintora, cozinheira, ativista e trabalha como bartender. A personagem tem ótima relação com a colega de apartamento, são bastante companheiras e atuam em prol da liberdade para todos, seja recuperando propriedades abandonadas em Gotham para transformá-las em hortas comunitárias ou correndo riscos em protestos, como o “Occupy Gotham”.

Gail acertou ao criar uma narrativa com mensagens de aceitação e sem perguntas rudes por parte de Barbara quando Alysia se assumiu para aquela que se tornaria sua amiga. Simone parou de escrever Batgirl e Alysia permaneceu no livro, embora por agora ela pareça fazer parte de um elenco secundário.

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Alysia Yeoh retorna no número 42 da publicação e os roteiristas Cameron Stewart e Brendan Fletcher levam a personagem adiante com uma surpresa. Provavelmente já faz pelo menos um mês desde que Barbara Gordon e Alysia deixaram de ser colegas de quarto quando a segunda começa a falar animadamente, descrevendo um lindo encontro na noite anterior com a namorada Jo, que pede Alysia em casamento, e no próximo suspiro convida Barbara para ser sua dama de honra.

O casamento de Alysia e Jo fica registrado na “Batgirl #45”. A equipe criativa, composta por Cameron Stewart, Brenden Fletcher e Babs Tarr, tornam a cerimônia muita bonita e livre de interrupções de vilões ou desastres que culminam com fim do casal. A dama de honra Barbara está pronta com seu “kit de sobrevivência para o dia do casamento” para cuidar de quaisquer problemas menores. Além disso, Dinah (Canário Negro) e sua banda são convocadas para tocar na recepção. As personagens se beijam com alegria depois que uma ministra valida a união.

O casamento de Alysia e Jo fica registrado na “Batgirl #45”
Alysia destoa positivamente das demais construções de personagens LGBTQIA+ nos quadrinhos mainstream. (Imagem: reprodução)

Mística e Sina

Mística e Sina são um dos casais homoafetivos mais antigos da Marvel, porém o romance sempre ficou velado nas páginas dos quadrinhos até 2019. Antes disso, Chris Claremont revelou em “X-Treme X-Men” a existência de um relacionamento entre as personagens, porém sem qualquer demonstração de afeto registrada graficamente.

Muito se fala sobre a repressão exercida pelo “Código dos Quadrinhos” (Comic Code Authority) que levou a uma representação problemática do casal à época, com Mística se transformando em homem, Eric Raven, para poder viver o relacionamento com Sina. Contudo, a decisão foi duramente censurada, seja pelo “Código de Quadrinhos” ou por alguma supervisão editorial.

Somente na segunda edição da HQ “History of the Marvel Universe”, pelas mãos de Mark Waid e Javier Fernandez, que Mística e Sina finalmente se beijam e trocam carinhos. Ao longo das histórias em quadrinhos, Mística deixou claro que Sina sempre foi seu amor verdadeiro e a morte da personagem pode ter levado a primeira ao caminho da vilania.

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Antes da morte de Sina, as duas adotaram Anne-Marie, posteriormente conhecida como Vampira, uma criança abandonada pela família por não saber lidar com os poderes da garota. O fato de que Mística e Sina são agora, canônica e inegavelmente, um casal na história oficial do Universo Marvel, é uma grande reparação e mudança em seu relacionamento, muitas vezes desnecessariamente ambíguo.

Mística e Sina são um dos casais homoafetivos mais antigos da Marvel.
A confirmação do amor entre Sina e Mística levou décadas para receber um registro gráfico. (Imagem: reprodução)

Analisando o que foi exposto até aqui, nota-se que décadas foram necessárias para a publicação de simples beijos entre pessoas do mesmo sexo e que, mesmo em 2020, ainda há relutância para incluir personagens LGBTQIA+ ou até confirmar suposições sobre a sexualidade de alguma figura de peso dos quadrinhos mainstream.

Apesar dos passos lentos para o fomento da diversidade nas HQ’s de massa, os fãs não perdem as esperanças e sinalizam que desejam se ver mais bem representados nas páginas, não apenas como figurantes ou parte do time de apoio, mas como heróis, protagonistas do próprio destino.

E por falar em destino, que ele não seja trágico, pautado pela morte da pessoa amada para que o herói ou heroína descubra seus poderes e que casamentos LGBTQIA+ não sejam restritos a decisões de última hora em Las Vegas. Nem tudo é perda, sabemos que os ganhos são inegáveis e que existem movimentações por mais visibilidade se desenvolvendo. Entretanto, ainda carecemos de representatividade saudável.

Escrito por:

Rafaella Rodinistzky é graduada em Comunicação Social (Jornalismo) pela PUC Minas e atualmente cursa Edição na Faculdade de Letras da UFMG. Participou do "Zine XXX", contribuiu com a "Revista Farpa" e foi assistente de produção da "Faísca - Mercado Gráfico". Você tem um momento para ouvir a palavra dos fanzines?
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